Excelente texto de autoria do publicitário Lula Vieira:
Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos Santos, em O Globo, fala do seu profundo preconceito com quem usa a expressão “agregar valor”.
Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma

Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra “carne”, fica falando o tempo todo em vida saudável é seu ideal como companhia na madrugada? Sei lá, não sei. Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão.
Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo “chegar junto”, “superar limites”, essas bobagens que lembram papo de concorrente a big brother. Mais uma vez repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas. Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito porquê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de operador de tele-marketing lendo o script na tela do computador e repetindo a cada cinco palavras a expressão “senhooooorrr” me irrita profundamente.
Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser

Não suporto especialista em motivação pessoal que obrigue as pessoas a pagar o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados, tentando receber “energia positiva”. Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa. Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria. E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despende mandando “um beijo no coração”?
- Lula Vieira é presidente do V&S Comunicações.