segunda-feira, 30 de março de 2009

Ininteligível


Estou eu no guichê da rodoviária de Belo Horizonte, em uma sexta-feira à noite, comprando passagem para Lafaiete, quando se aproxima um homem, perguntando incisivamente à funcionária:

- Aqui paga para sair? Aqui paga para sair?

Meu olhar se cruza com o da moça do guichê, como que a dizer: "Não estou entendendo nada. E você?".

Vendo a "inércia" da funcionária, o homem resolve reformular a pergunta.

- Aqui 'paga' a saída do estacionamento?

Aí sim a questão se torna um pouco mais inteligível e ela responde que não. Ele deveria procurar o balcão específico, perto da entrada da rodoviária.

domingo, 29 de março de 2009

Entorpecimento medicinal

O pessoal do excelente "Excomungados" já deu conta do assunto, mas venho completar a história. Eis que, passando ao lado da rodoviária de Lafaiete no fim da manhã do dia 28 de março, um sábado, vejo aquela "rodinha" de populares, formada, em grande parte, por funcionários uniformizados da Localix - empresa que cuida da limpeza pública na cidade. É claro que me aproximei para ver o que era.

À primeira vista, o que mais me chamou a atenção foi o microfone do homem que se localizava no centro daquele círculo. Uma engenhoca, feita com um cano de PVC flexível, e enrolada em volta do pescoço, segurava o aparelho na altura da boca do sujeito. Qualquer semelhança com o microfone do patrão não é mera semelhança! Uma aparelhagem de som muito portátil e precária dava conta de ecoar a voz do locutor pelas redondezas.


Pelo que entendi, o dito-cujo começa a fazer uma mágica no meio da rua e usa o número artístico para prender o povo em volta dele, enquanto tenta vender um produto dos mais estranhos. Logo que me aproximei, ele estava demonstrando um tal "coco da índia" - que, aparentemente, não tem nada de diferente.

Mas o milagroso mesmo era o alardeado "óleo do coco da índia", capaz de curar todos (eu disse todos) os males, segundo o vendedor: desde dores de ouvido e pelo corpo, até hemorróidas, pneumonias e tumores. E, enquanto falava sobre as benesses do produto, ele mantinha em suspense a mágica (parece-me que havia feito o relógio de um dos presentes "desaparecer").

Logo após, o que mais me surpreendeu foi a sessão demonstração, quando o sujeito pingou uma gota do tal "óleo do coco da índia" no dedo daqueles que estavam mais à frente e lhes recomendou que passassem o produto no rosto ("para acabar de vez com cravos e espinhas") ou em qualquer lugar do corpo, sobretudo onde houvesse dor, que a cura seria imediata. E, para meu espanto, não é que todos lambuzaram o corpo com o líquido?

Imagina se é um ácido ou produto químico semelhante? Mas isso não preocupou aquela maioria de gente humilde que ali parara para ouvir as palavras do vendedor. Eu, à distância, observava tudo e pensava: "Como é fácil enganar gente simples...". Alguns testemunhavam na hora que haviam passado o óleo sobre alguma parte do corpo "doente" e tinham melhorado instantaneamente.

O "show" continuou com a apresentação de um bicho que "tinha pelos na boca" e outras anomalias surpreendentes. De repente, o homem entreabre uma bolsa e começa a exibir o tal "animal", alertando que ele estava adormecido e, por isso, não representava risco. O tal bicho, no entanto, não passava de um brinquedo de plástico, muito malfeito, parecendo-se com um sapo. E toda a gente em volta do charlatão assistia a tudo imóvel e estupefata!

Entre uma e outra atração, o homem de sotaque indefinido começou a vender os vidrinhos de "óleo do coco da índia". Um rapaz - aparentando estar nitidamente combinado com o vendedor - compra duas embalagens e, no seu encalço, mais uma dezena dos populares adquire o milagroso produto. Enquanto isso, dá-lhe enrolação com a mágica do relógio desaparecido e, para completar o cenário bizarro, uma "mão" que se mexia no chão (aparentemente uma luva com algum aparelho mecânico dentro).

O preço do "óleo" começou em R$ 10 e logo estava em R$ 3. Percebendo que a venda não era boa, o homem começou a anunciar: "Está acabando. Só tenho mais esses. Vamos comprar, pessoal". E, sem parar, as pessoas continuavam comprando um, dois, três de uma só vez. O que era inegável era a boa oratória do vendedor, sua capacidade de argumentação e de prender aquelas pessoas ali por tanto tempo.

Fiquei por perto até ver o fim da mágica. O relógio, de fato, reapareceu e, pelo jeito, o número foi convincente. Mas, quando um suposto irmão do vendedor ia entrar em cena para fazer a tal "mão" andar, resolvi conferir o meu relógio e vi que já era minha hora. Parti, deixando para trás aquelas dezenas de pessoas se entorpecendo com o golpe de mais um aproveitador barato que ganha a vida enganando gente simples país afora.

Sobre jornalismo

Trechos da minha entrevista com a secretária de Redação do jornal O Tempo, Michele Borges da Costa. Enquanto a matéria não sai no blog "O Outro", adianto algumas frases da conversa sobre jornalistas recém-formados e a situação do mercado de jornalismo.

"O jornalismo hoje, principalmente o impresso, está
marcado por uma grande interrogação: tem que voltar a ser relevante, ser essencial na vida das pessoas e fazer a diferença na rotina delas, diante de um mundo que mudou, já que as pessoas reinventaram as maneiras de se informar."

"O mercado não está tão ruim assim – aliás, nem sei quando foi bom. O que falta, talvez, seja uma criatividade em descobrir outras formas e meios de exercer a profissão."

"O estágio é muito mais uma ansiedade do estudante do que uma cobrança do mercado. Eu prefiro um estudante que passou o curso inteiro indo ao cinema uma vez por semana, do que aquele que fez um estágio em uma assessoria de imprensa ou até mesmo em uma Redação, mas não conseguiu tirar dali aprendizados mais proveitosos do que só os técnicos."

"Muitas vezes, encontramos estudantes que querem trabalhar em impresso, mas nem folheiam um jornal. Isso me assusta. A pessoa escolhe jornalismo, sendo que nem ela consome jornalismo. Não consigo ver sentido nisso."

P.S.: Obrigado pela atenção, Michele!

Sempre de olho

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Vergonha alheia"


Excelente reflexão sobre a tal da "vergonha alheia":

http://blog.estadao.com.br/blog/palavra/?title=eu_tenho_vergonha_dos_outros&more=1&c=1&tb=1&pb=1

Quanto a Mallu, faço das de Felipe as minhas palavras e acrescento uma frase publicada por Miguel Arcanjo Prado em seu blog, também sobre a artista precoce: "Como o Marcelo Camelo aguenta isso aos 31 anos?".

segunda-feira, 23 de março de 2009

Conversa de enlouquecer nutricionista


Diálogo entre duas donas de casa pelas ruas de Belo Horizonte:


- Menina, lá em casa, em vez de fazer janta, eu passei a fazer cachorro quente.


Coisa inimaginável há uns quarenta anos, quando as únicas obrigações da mulher eram cuidar da casa e dos filhos e, aí sim, havia tempo para preparar almoço e jantar e ainda reunir toda a família em torno da mesa.


P.S.: Já falei aqui neste blog sobre a minha "mania" (prefiro chamar assim) de ouvir conversas alheias. Mas eu vou fazer o quê? Tapar os ouvidos e ficar indiferente ao que acontece à minha volta? De jeito nenhum! Jornalista tem que estar alerta, ligado a tudo.

Ah, e se você vai dar entrevista a um de nós, fique esperto. Conversa em "off" nem sempre será garantia de sigilo. Se não quer que publique, então não fale tudo que vem à mente, pois o bom profissional não vai se omitir diante de uma informação valiosa que porventura receba.

Qual a sua graça?

Quando o assunto é nome próprio, não tenho muito o direito de me manifestar, pois o meu é bem exótico (ou melhor, nem tão raro assim: uma busca rápida no Orkut revela pelo menos seis homônimos de Joelmir Tavares). Uma amiga - também de nome "diferente", como as pessoas gostam de dizer - brinca que temos a vantagem de ser "exclusivos". Raramente você vai encontrar alguém para dividir a "alcunha". Ou então é assim: "Você conhece fulano de tal?". A pessoa, definitamente, ou conhece ou não conhece, porque fulano de tal é único. Ah, o nome da minha amiga é Egle (filha de Eliane e Geraldo).

Eu ouço a minha vida inteira a comparação com Joelmir Beting. Já é de lei:

- Qual seu nome?
- Joelmir.
- Mas não é o Beting não, né?!
- Não... (acrescido de uma risada sem graça).


Bem, mas outro dia, correndo os olhos na lista de aprovados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encontrei uma Thattyanne Ckysttyann A. Souza. Também já ouvi falar de uma garotinha chamada Lecthycia. Quando vejo nomes assim, penso logo em uma mãe perua, bem perua mesmo, que acha "chique" ir metendo "h", "y", "k" e consoante dupla onde for possível. Imagina a dificuldade dessas crianças na fase de alfabetização. A pobre criatura deve achar mais fácil inventar um apelido para si própria, para ver se facilita a coisa. Eu sempre imagino a dificuldade da pessoa ao ter que soletrar o nome pelo telefone: "T-H-A-T-T-Y-A-N-N-E". Já pensou?


As coisas poderiam ser mais fáceis, se os pais tivessem o mínimo de noção.


Há algumas semanas, li no obituário do Correio da Cidade (sim, eu leio até o obituário!) o nome de um senhor que morreu (é óbvio, se estava no obituário...) e tinha o apelido de "Pecado". Pensei mil hipóteses que pudessem ter gerado esse cognome. Será que ele era muito bonito e representava a perdição para as mulheres? Será que nasceu de uma relação escusa e a mãe, quando o pariu, logo mandou: "Esta criança é fruto do meu pecado!"? Sei lá. E já imaginou os milhares de trocadilhos possíveis com esse apelido. As pessoas ligavam e perguntavam: "O Pecado está aí?". Ou senão: "Fulana de tal é casada com o Pecado"...

Será?


Será que as pessoas pensam que o Outro é bobo? Devem pensar sim. A inveja é perceptível nos olhos de alguns. E esses alguns não fazem questão de escondê-la. Às vezes, acontece (e a ficção já mostrou isso incansavelmente) de o invejoso querer imitar o invejado. O Outro percebe isso e se surpreende com a capacidade do ser humano de querer ter tudo que o Outro tem, de querer ocupar seu espaço, de querer se parecer com ele.


Já diz a sábia Patrícia Andrade (quem a conhece a fundo sabe que não exagero ao chamá-la de sábia): tudo na vida é merecimento. O Outro tem plena consciência de que nada vem de graça. E de que tudo que conquistou foi conseguido com muito trabalho, com dedicação que vem de anos, com esforço e sacrifício. Mas há aqueles que não entendem e que preferem imitar, pensando que tudo será fácil e que a glória é instantânea. É bem verdade que o sol nasce para todos. Mas só aqueles que têm a energia necessária para agir e lutar podem gozar a verdadeira realização nesta vida.


Será que as pessoas pensam que o Outro é bobo? Devem pensar sim. A bajulação é uma das reações mais fúteis da alma humana. Não adianta: o Outro percebe quando a admiração e a amizade são sinceras. O Outro identifica imediatamente o que é bajulação.
Repito: nada na vida vem de graça. Tudo é merecimento. Mas por que o poder e o status deslumbram tanto as pessoas, a ponto de fazê-las mentir - sim, pois bajular é mentir - para estar ao lado e gozar das benesses de quem se encontra hoje em posição superior? Nada explica. Aliás, nada justifica o ser humano se camuflar atrás da máscara do interesse e se render em "puxa-saquismo" ao Outro ou a quem quer que seja.
As pessoas pensam que o Outro é bobo. Mas isso, definitivamente, ele não é.

Nos bastidores da imprensa mineira


Ao que tudo indica, um acontecimento está para mudar radicalmente as estruturas da mídia impressa mineira.

Em porcentagem: a "bomba" tem 90% de chance de explodir em breve.

Por enquanto, é só o que posso dizer. O tempo vai se encarregar do resto.

O "mineirês" nosso de cada dia

Não sou formado na mesma escola de prosódia por onde passaram Leonardo Quintão e Roberta Zampetti, mas prezo as minhas origens e não faço nada para combater meu "mineirês" - pelo contrário, tento, na medida do possível, cultivá-lo.

Dia desses, nos meus contatos quase que diários com assessores de imprensa do Rio e de São Paulo, deparei com uma paulista de sotaque carregadíssimo. E travamos o seguinte diálogo:
- Fulana, ainda não recebi a foto que lhe pedi.
- Puxa, Joelmir, mas eu enviei há meia hora.
- Uuuaaaaiiii?! (Dou aquela pausa e penso: essa paulista deve estar dizendo para si mesma "Que caipira!"). Será por que não chegou ainda?
- Ah, é porque a imagem está com a resolução máxima. Mas já deve estar chegando aí.

Outro dia, precisei ir a um cartório (ou seria melhor "templo da burocracia"?) e também me pus a pensar sobre a linguagem oral. Esta eu acho que não é exclusividade dos mineiros, mas também pertence a brasileiros de outras partes do país. Ao receber uma pergunta do funcionário, respondi afirmativamente com um sonoro "Anhan". Imagina o choque que um estrangeiro aprendendo português teria ao ouvir um vocábulo desse? Ficaria, coitado, sem entender se aquilo significava negação, confirmação, xingamento ou sabe-se lá o quê.

Pós-Aécio

Em contatos íntimos, pessoas próximas a Antônio Augusto Junho Anastasia, o vice-governador de Minas, já o chamam - com toda a convicção - de governador. Não é novidade para ninguém que Aécio Neves, depois de, mancomunado com Fernando Pimentel, ter feito o "poste" Marcio Lacerda prefeito de Belo Horizonte, quer tornar Anastasia seu sucessor no Palácio da Liberdade. E dizem que o vice responde todo serelepe e sorridente quando, nessas conversas informais, é chamado de governador das Gerais.

O "herói" de volta

Ainda não consegui descobrir se o interesse que a TV Globo tem em "endeusar" Ronaldo Fenômeno (?) é só mesmo em busca de audiência (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u535891.shtml).

Presença em todos os telejornais da emissora, sempre precedido de adjetivos generosos; convidado especial no "Domingão do Faustão" - com entrevista ao vivo -, no "Altas Horas", "Caldeirão do Huck"; entrevista ao vivo no "Jornal Nacional"... Isso sem falar nas participações nos programas da Sportv.


A impressão que se tem é a de que a Globo deve levar alguma vantagem sobre as campanhas publicitárias do jogador, os contratos milionários que detém, ou alguma coisa assim. Só pode ser. Ou, do contrário, por que essa campanha para criar a imagem de um "ídolo nacional", "semideus do futebol"?

Dez minutos falando sobre...

Cabelos! Não tive a preocupação de marcar no relógio, mas acredito que tenham sido uns dez minutos mesmo. Ininterruptos.
O assunto da roda de mulheres: corte de cabelos. Tudo porque uma delas mudou o corte. É incrível como elas têm essa capacidade.
Falaram do corte e da cor que cairiam melhor para uma; lembraram o visual daquela atriz; a outra falou que o seus fios são secos e odeiam chapinha; uma outra disse que os seus estão estressados...

Hoje é um novo dia

Não sei se 23 de março é um dia auspicioso para iniciar projetos. Mas para mim TEM de ser. Primeiro, quero manter as atualizações deste espaço em dia. Afinal, o primeiro fator para que algo da internete - blog ou site - seja lido com regularidade é sua atualização constante. E outra: algumas pessoas têm cobrado novos posts. Se isso acontece, ora, é porque há alguém interessado em ler estas 'maltraçadas linhas' (concordo, isso foi piegas)!

Ah, mas me dê um desconto: a "desculpa" que eu tinha era a ausência de acesso à web naquelas horas em que surge a ideia "Isso daria um post!" (e olha que foram tantas desde que criei este espaço). Mas agora, e só agora, conquistei minha internete doméstica. E foi custoso, viu? Primeiro, calhar de ser um plano e uma estrutura que me atende$$em. Depois que isso aconteceu, o danado do sinal não chegava ao computador de jeito nenhum. Mas é claro: se uma coisa tem todas as chances de dar certo, pode saber que comigo ela dará errado. Nem sempre é assim, mas às vezes atraio uma zica danada. Nesse caso, nada que uma formatação do computador resolvesse. E eis que, no fim, deu tudo certo.

Outra "promessa" que marca este "novo dia de um novo tempo" é que pretendo cumprir, a partir de hoje, TODOS os deadlines (prazos de entrega) nas redações às quais estou ligado. Confesso que tem sido difícil cumprir todas as tarefas que assumi nos últimos tempos. Aliás, como me falta "o tempo" (com trocadilho). Depois que se entra nessa roda do jornalismo diário, é que se tem a noção exata do valor de minutos e segundos, e, consequentemente, percebe-se a volatilidade desse bem tão desejado e procurado por todos nós, que funcionamos como engrenagens do sistema capitalista.
Mas deixemos as filosofias para outros e para momentos mais oportunos...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Nando Reis é laranja

Frase ouvida hoje nos corredores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais:

"Eu gosto do Nando Reis. Ele é laranja. Ele é todo laranja. Parece que ele é enferrujado."

Acho que a autora da frase tem razão...

Senão, vejamos a foto.

terça-feira, 3 de março de 2009

Depois do castelo, a mansão




Alguns já dizem que em breve a Fifa poderá fazer uma vistoria no campo de futebol da mansão, para verificar se ele pode receber algum jogo da Copa...