domingo, 30 de novembro de 2008

Mau humor - Lula Vieira


Excelente texto de autoria do publicitário Lula Vieira:

Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos Santos, em O Globo, fala do seu profundo preconceito com quem usa a expressão “agregar valor”.

Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões. Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, cem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.

Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra “carne”, fica falando o tempo todo em vida saudável é seu ideal como companhia na madrugada? Sei lá, não sei. Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão.

Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo “chegar junto”, “superar limites”, essas bobagens que lembram papo de concorrente a big brother. Mais uma vez repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas. Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito porquê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de operador de tele-marketing lendo o script na tela do computador e repetindo a cada cinco palavras a expressão “senhooooorrr” me irrita profundamente.

Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser
um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue me sobe à cabeça. Deus me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados, tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o direito de me cobrar pela vaga. Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer?

Não suporto especialista em motivação pessoal que obrigue as pessoas a pagar o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados, tentando receber “energia positiva”. Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa. Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria. E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despende mandando “um beijo no coração”?




  • Lula Vieira é presidente do V&S Comunicações.

Qual a graça?

Manhã de segunda-feira, dia 24 de novembro de 2008, no Mercado Central de Belo Horizonte. Um grupo de turistas franceses chega para conhecer os "exóticos" artigos daquele peculiar centro de compras brasileiro.
Em um canto, observo um francês e uma francesa às gargalhadas, apontando para buchas vegetais penduradas em uma loja. O que diziam, não consegui compreender. Será que estavam tentando descobrir o que é e para que serve o produto? Ou será que eles só conhecem outros apetrechos usados no banho?
Ah, esses franceses...

Estreante

E eis que, após alguns anos já atendendo pelo rótulo de "internauta", torno-me autor de um blog. Crio este espaço para liberar algumas idéias e opiniões que habitam minha cabeça, além de divulgar informações que possam interessar mais do que as humildes idéias e opiniões "maquinadas" e "alquimizadas" pelo meu cérebro.